Resumo:
Trata-se de trabalho de investigação que se insere na área de estudos da psicologia e da educação moral. Buscou investigar que representações têm, sobre democracia e escola democrática, sujeitos que concluem o ensino médio. Seu desenvolvimento teórico sobre democracia repousa na conquista de direitos e nos valores que os inspiraram na consolidação deste modelo político. Adotando uma perspectiva histórica, são apresentados os direitos civis, políticos e sociais que possibilitaram o alargamento democrático. A discussão sobre valores democráticos alia-se à conquista dos direitos, atribuindo significado aos mesmos. Os direitos humanos ganham destaque na análise, na medida em que o respeito aos mesmos implica na realização do processo democrático. A escola democrática é discutida a partir do acesso universal e das suas práticas pedagógicas. O acesso universal à escola e ao conhecimento produzido socialmente está embasado em Comparato, Azanha e Carvalho. A escola democrática, enquanto prática pedagógica, discute os valores e práticas desenvolvidas no interior da instituição que contribuem para o processo formativo do indivíduo/cidadão autônomo. Os referenciais utilizados para discutir a escola democrática, enquanto prática pedagógica, estão embasados em Dewey e Teixeira e em autores contemporâneos como Puig e Araújo. Através das representações sociais (Moscovicci) buscamos a visão de democracia do sujeito que a vivencia em suas experiências cotidianas. A amostra do estudo foi composta por 80 sujeitos, 40 do sexo feminino e 40 do sexo masculino, alunos e alunas das redes pública e particular da cidade de São Paulo. O instrumento utilizado para a coleta de dados consistiu em um questionário sobre sociedade, escola e relações interpessoais democráticas, que incitava o sujeito a pensar sobre os temas colocando-se como foco central, ou seja, buscando suas próprias concepções. Os resultados encontrados revelam que os sujeitos valorizam prioritariamente os direitos de participação e expressão como práticas imprescindíveis à realização quer seja de uma sociedade, de uma escola ou de relações cotidianas democráticas. As variáveis consideradas neste estudo foram gênero e rede de ensino. Em relação à primeira não encontramos diferenças significativas. Em relação à segunda observamos diferenças, entre os grupos, apenas em suas representações sobre sociedade democrática. Os valores e práticas destacados pelos sujeitos nos fornecem elementos para uma reflexão sobre como a democracia é vivenciada pelos sujeitos, enquanto cidadãos, enquanto alunos (escola) e nas relações interpessoais.