Resumo:
ESTA PESQUISA BUSCOU VERIFICAR A PERCEPÇÃO DA COMUNIDADE ESCOLAR NÃO-INDÍGENA DO MUNICÍPIO DE CAMPINÁPOLIS – MT, SOBRE OS ALUNOS INDÍGENAS XAVANTE E SEU POVO, BEM COMO A PERCEPÇÃO DESTES ALUNOS SOBRE A COMUNIDADE ESCOLAR NÃO-ÍNDIA. UTILIZOU-SE OS SEGUINTES PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: ENTREVISTAS, COLETA DE DADOS EM FICHAS DE ALUNOS INDÍGENAS E DINÂMICA DE ADJETIVAÇÃO. PARA SUSTENTAR AS ANÁLISES FEITAS NESSA PESQUISA UTILIZOU-SE ENTRE OUTROS AUTORES, ELIAS, MARTINS E PERRENOUD. O POVO XAVANTE EVITOU O CONTATO COM O NÃO-INDÍGENA ATÉ O ANO DE 1946. ESSE POVO ATUALMENTE SE DISTRIBUI EM SEIS TERRAS INDÍGENAS, ENTRE ESSAS A PARABUBURE LOCALIZADA NO MUNICÍPIO ONDE SE REALIZOU ESSA PESQUISA. ATUALMENTE CERCA DE 35% DA POPULAÇÃO DO MUNICÍPIO É COMPOSTA PELO POVO XAVANTE. A RELAÇÃO ENTRE INDÍGENA E NÃO-INDÍGENA NO MUNICÍPIO É DE INTERDEPENDENCIA E AINDA MARCADA POR CONFLITOS. OS DOIS POVOS APESAR DE PRÓXIMOS SE MANTÊM “DISTANTES”. AS ESCOLAS DAS ALDEIAS SÓ OFERECEM A PRIMEIRA FASE DO ENSINO FUNDAMENTAL. PARTE DESTES ALUNOS, QUE ENCONTRAM OPORTUNIDADE, MUDAM PARA CIDADE PARA DAR SEQÜÊNCIA NA SEGUNDA FASE DO ENSINO FUNDAMENTAL NA EXPECTATIVA DE ADQUIRIR CONHECIMENTOS E CONHECER A CULTURA DO NÃO-INDÍGENA NA ESPERANÇA DE CONQUISTAR MELHORIA DE VIDA, EXERCER PROFISSÕES E DEFENDEREM OS INTERESSES DE SEU POVO. ADENTRAM ASSIM NUM “UNIVERSO” DE CERTA FORMA DIFERENTE E UM TANTO HOSTIL PARA ELES. O ÍNDICE DE EVASÃO E REPETÊNCIA ENTRE ESSES ALUNOS É MUITO GRANDE, CHEGANDO NO ANO DE 2002 À CERCA DE 60% NA SUA SOMA. ESSES ALUNOS SE CONCENTRAM NAS 5ª E 6ª SÉRIES DO ENSINO FUNDAMENTAL E NÃO CONSEGUEM AVANÇAR PARA O ENSINO MÉDIO. ESSES ALUNOS NA SUA GRANDE MAIORIA MORAM EM CASAS DE ESTUDANTES E NÃO POSSUEM APOIO PEDAGÓGICO DIFERENCIADO POR PARTE DA ESCOLA E DO SETOR EDUCACIONAL DA FUNAI PARA O DESENVOLVIMENTO DE SUAS ATIVIDADES ESCOLARES COTIDIANAS. A RELAÇÃO ENTRE ALUNO INDÍGENA E COMUNIDADE ESCOLAR NÃO-INDÍGENA É DE DISTANCIAMENTO EM FUNÇÃO, PRINCIPALMENTE, DO MEDO E RECEIO QUE SE TEM DO INDÍGENA XAVANTE. PRECONCEITO CRIADO HISTORICAMENTE CONTRA O INDÍGENA E QUE SE REFORÇA NOS CONFLITOS OCORRIDOS NO MUNICÍPIO ENTRE OS DOIS POVOS NAS ULTIMAS DÉCADAS. VERIFICOU-SE QUE A ESCOLA E PROFESSORES NÃO ESTÃO PREPARADOS PARA ENSINAR O ALUNO INDÍGENA. ALÉM DAS DIFICULDADES ORIUNDAS DA DIFERENÇA CULTURAL AINDA SOFREM ATITUDES DE PRECONCEITO E DE DISCRIMINAÇÃO QUE SE FAZEM PRESENTES NO COTIDIANO ESCOLAR DE FORMA SUTIL. A PESQUISA POSSIBILITOU CONSTATAR A NECESSIDADE DE PREPARAÇÃO DA ESCOLA E PROFESSORES PARA TRABALHAR COM A DIVERSIDADE CULTURAL NA TENTATIVA DE ABOLIR E COMBATER O PRECONCEITO E A DISCRIMINAÇÃO E, CONSEQÜENTEMENTE A EXCLUSÃO DOS ALUNOS “DIFERENTES”, RUMO A UMA ESCOLA VERDADEIRAMENTE DEMOCRÁTICA.