Resumo:
O presente trabalho busca, a partir de uma experiência de educação não formal, no interior da brincadeira, identificar as contribuições do boi-de-mamão para a formação de educadores populares. O trabalho gira em torno da experiência do grupo Arreda Boi, existente há doze anos na Barra da Lagoa, leste da Ilha de Santa Catarina. A sua reflexão centra-se na construção do grupo e de cada pessoa envolvida no processo – processos de saber e de não saber, de querer fazer e de não poder fazer, de saber fazer e de não poder fazer, processos de resistências e processos de ensino. Atenho-me à análise, por parte dos integrantes do grupo Arreda Boi, sobre a construção de um jeito, de uma forma e de valores que alicerçaram a maneira de “se fazer” desse grupo, de “se fazer grupo”. No decorrer deste trabalho, pontuo os caminhos que o grupo percorreu para formatar a sua prática. Analiso a brincadeira do boi-de-mamão à luz das reflexões de autores que justificam a minha opção por um boi-de-mamão trabalhado numa perspectiva de educação dialógica. O trabalho está dividido em cinco capítulos. No primeiro capítulo, lanço o olhar sobre o conceito de popular, bem como sua complexidade nas análises, o que se evidencia ao analisarmos o grupo Arreda Boi e as tantas experiências que ele nos traz. O segundo capítulo apresenta a brincadeira do boi-de-mamão, a cantiga do grupo Arreda Boi e histórias de boi. O terceiro capítulo versa sobre a comunidade da Barra da Lagoa e sua relação com o grupo Arreda Boi. O quarto capítulo trata de uma reflexão dos seus integrantes do grupo Arreda Boi, sobre eles mesmos. No último capítulo, aprofundo a questão do diálogo, os “diálogos brincantes” e sua construção no grupo Arreda Boi.