Resumo:
A análise sobre o projeto Terra Solidária, prática de escolarização e profissionalização desenvolvida pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), objetiva indicar em que medida esse projeto se figura como alternativa de conscientização, organização e participação política dos trabalhadores rurais. A pesquisa parte das falas dos alunos egressos que participaram do Terra Solidária quando de sua realização nas comunidades de Cerro Azul e Itaperuçu - PR, no período de 2000 a 2001. O trabalho de campo foi realizado através de entrevista em profundidade, utilizando-se um roteiro de perguntas semi-abertas. As informações coletadas revelam: a importância desse projeto para os trabalhadores rurais; as diferenças e as semelhanças entre o Terra Solidária e as escolas formais; as expectativas que os trabalhadores tinham em relação ao processo educativo e, em que medida, essas expectativas foram ou não respondidas; as mudanças provocadas na vida (pessoal e profissional) dos trabalhadores e, ainda, na forma e na intensidade da participação sindical e comunitária dos mesmos. Em geral, os dados apontam para a seguinte conclusão: embora o Terra Solidária tenha um caráter classista e contra-hegemônico, o fato da CUT oferecer escolarização e profissionalização reproduz a premissa neoliberal de minimização das responsabilidades sociais do Estado, nega a história cutista e põe em xeque a necessidade de um sindicato combativo.