Resumo:
A educação é habitualmente tratada sob o aspecto institucional, formal e escolar. Neste estudo porém, educação é investigada enquanto prática social trabalho na fábrica. Considera, como ponto de partida para análise, o cotidiano fabril de trabalhadores de indústrias de calçados da cidade de Franca-SP. Contudo, não deixa de estabelecer relações entre o capitalismo histórico e a historicidade da formação das qualificações laborais no artesanato, manufatura e indústria, seja no geral, em outros ramos fabris, seja no contexto específico da profissão de sapateiro. Estuda cotidiano e história oral de trabalhadores; a experiência singular de cada um dos colaboradores da pesquisa é a base de apoio para a reflexão e a análise do trabalho e da formação de qualificações para o trabalho. Estuda, portanto, a educação para o trabalho. Seja educação informal, no interior das tradições dos trabalhadores, ou escolar-institucional. A educação, tanto informal-profissional quanto institucional-escolar, é obtida diferentemente e é destinada diferentemente para diferentes funções e diferentes grupos sociais que atuam no interior da fábrica. Fato que acentua e reforça estratificações sociais. A criação de qualificações para o trabalho nas indústrias de calçados se dá de forma peculiarmente associada, em cada momento histórico, com a própria forma de organizar rotinas de trabalho. O fato implica necessidade de compreensão de quais seriam as reais funções da educação formal. Esse trabalho contribui não apenas para a compreensão do processo de formação, manutenção e extinção de qualificações laborais de trabalhadores da indústria calçadista, como também para compreender as finalidades da educação institucional, tanto no passado como na sociedade atual.