Resumen:
O Nordeste rural semi-árido tem passado durante as últimas décadas por diversos modos de pensar e fazer seu desenvolvimento e, conseqüentemente, sua modernização. Depois do amplo investimento em infra-estrutura na perspectiva do “combate à seca”, acompanhado pelo plano de industrialização regional tido como a melhor solução para o problema do desenvolvimento da região, surge, na década de 1990, a perspectiva do desenvolvimento local e da “convivência com o semi-árido”. Apesar de novo, esse olhar diferenciado sobre as dificuldades sócio-econômicas da região, aqui destacando sua porção semi-árida, trazem também em seu arcabouço um projeto de modernização, na medida em que propõe uma mudança de comportamento que afeta as estruturas sociais e produtivas locais. O Programa de Estudos e Ações para o Semi-Árido (PEASA) surge, em 1994, em meio a esse processo de mudança, propondo uma intervenção que altere o rumo do desenvolvimento de algumas localidades do semi-árido paraibano. Seu modelo de intervenção, atrelado à perspectiva dos Sistemas Produtivos Locais (SPL’s), propõe por meio do agribusiness a criação de empreendimentos comunitários em forma de agroindústrias, nas quais os produtos de vocação local receberiam um tratamento logístico dentro de um amplo processo de racionalização da produção. O presente trabalho investigou esse modelo de intervenção, focando na construção de sua metodologia dentro da perspectiva de promoção do desenvolvimento local, buscando perceber também que perspectiva de modernização é construída a partir nas ações desse programa de extensão universitária. Nossa pesquisa utilizou-se de dados colhidos junto ao programa e seus colaboradores técnicos; na investigação documental (relatório de atividades, projetos de fomento, artigos técnicos dentre outros); e no acompanhamento de uma de suas experiências de intervenção, o projeto de implantação da Agroindústria de Beneficiamento da Fibra de Sisal para Produção de Artesanato na Comunidade Cuiuú, Barra de Santa Rosa-PB. O modelo de intervenção identificado como empreendedorismo comunitário mostra-se ineficiente na promoção do desenvolvimento local, chocando-se com o próprio sistema produtivo local de tradição camponesa e de organização familiar. O foco do modelo na racionalização das estruturas produtiva e social acaba por desconsiderar a questão ambiental, limitando o projeto de desenvolvimento às questões de cunho econômico.