Resumen:
Trata-se de uma pesquisa empírica que se desenvolve a partir dos referenciais da pesquisa-ação/pesquisa-intervenção, com o objetivo de contribuir com elementos teórico-metodológicos para educação ambiental tratada a partir de uma perspectiva dialógica. A pesquisa parte do reconhecimento da educação ambiental como um campo de tensionamento e conflitos. Discute a proposição de que uma abordagem dialógica permite a manifestação das potencialidades de indivíduos e grupos para participação no estabelecimento de propostas de convívio entre si e com seu ambiente. O trabalho acompanha a trajetória de um grupo de pesquisadoras durante cinco anos de produção coletiva de conhecimento junto a grupos de moradores e moradoras do interior e entorno de Unidades de Conservação no Vale do Ribeira-SP. A trajetória do grupo-pesquisador é revisitada a partir de um diálogo entre seu fazer pesquisa e os elementos metodológicos propostos pela pesquisa-ação/pesquisa intervenção, buscando explicitar a reconfiguração de sentidos ocorrida no processo. Os fundamentos teóricos do trabalho vêm da hermenêutica filosófica, da práxis educativa dialógica de Paulo Freire, da noção de comunidades interpretativas proposta por Boaventura de Souza Santos, e também de autoras e autores brasileiros que problematizam a educação ambiental, dentre eles: Eda Tassara, Isabel Carvalho, Mauro Grün. Na pesquisa são considerados alguns elementos que, na sua incompletude e inacabamento, trazem contribuições para uma educação ambiental dialógica: uma abordagem interpretativa, não explicativa, em que o processo de compreensão se dá como abertura ao outro; o reconhecimento da educação ambiental como prática social e política; a inserção dos sujeitos e de seu fazer sobre o ambiente na historicidade; a importância do diálogo entre diversas formas de interpretar a realidade como busca de caminhos para estabelecer regras de convívio com o outro e com o ambiente, tratado como bem de uso comum.
