Resumen:
O presente trabalho propõe reflexão crítica sob o contexto em que se insere a pesca artesanal na região sul do estado do Rio Grande do Sul, mais especificamente nos municípios do entorno do estuário da Lagoa dos Patos. Numa perspectiva de pesquisa participante, busca unir teoria e prática numa visão dialética da realidade histórica, usando como instrumental teórico a apreciação e a consideração da educação ambiental transformadora e da teoria crítica. Através de encontros e visitas nas comunidades pesqueiras da região, o trabalho constitui-se na interação entre pesquisa e pescadores a fim de elencar elementos básicos para o subsídio de uma política de Educação Ambiental com pescadores artesanais. Considero que a trajetória nos movimentos sociais populares, as atividades dentro do movimento ambientalista e a oportunidade de atuar como profissional no Ibama/RS foi de suma importância na abordagem da temática. A observação participante no Fórum da Lagoa dos Patos me permitiu analisar aspectos cognitivos que se inserem nas ações de uma instância que objetiva compartilhar responsabilidades com o estado no regramento e no uso dos recursos pesqueiros da região. As condições e possibilidades de viabilizar tais mecanismos de participação (Fóruns) dependem das vicissitudes do contexto político e da conjugação das forças sociais que se aglutinam em torno e disputam a representatividade. Na construção de uma ferramenta metodológica, tornava-se relevante a base no contexto histórico da pesca e nas relações criadas pelo sistema capitalista. Este que expropria o pescador de si mesmo e da natureza através do trabalho alienado na pesca, gerando incertezas advindas da crescente poluição das águas e um conseqüente declínio do recurso pesqueiro, bem como um conflito com as inovações tecnológicas. Concluindo, este trabalho aponta para uma educação libertadora e transformadora como suporte para a gestão compartilhada do uso dos recursos pesqueiros, assim como uma peça fundamental na construção de condições para a sustentabilidade ambiental na pesca. Além disso, supõe que não é possível construir uma proposta de educação ambiental sem promover uma profunda reflexão diante das condições econômicas que permeiam as relações sociais e culturais dos pescadores artesanais, tornando-os cada vez mais um produto da sociedade capitalista atual que tudo transforma em mercadoria, inclusive as espécies pescadas que hoje recebem a denominação recursos pesqueiros.