Resumo:
Esta dissertação resulta de uma investigação qualitativa, na Linha de Pesquisa de Educação Ambiental Não Formal e Informal, que teve como objetivo investigar, nas interações do grupo de trabalho portuário avulso do Rio Grande, a partir da implementação da Lei 8.530/93 – Lei de Modernização Portuária -, as principais categorias norteadoras dessa complexa relação de um processo produtivo em mudança. Estes resultados pretendem contribuir à ampliação da temática da educação ambiental. A leitura etnográfica, com o apoio do suporte da análise hermenêutico-dialética, possibilito observar que a interação nesse ambiente de trabalho auto-organizado mobiliza e provoca ações. Os dados contribuíram na construção de um conceito de auto-atividade, com o apoio teórico de Humboldt, para quem a força da atividade do próprio homem, plena de liberdade, pode reverter em seu benefício; e de Marx, ao analisar o trabalho como uma atividade vital consciente do homem. A coleta de dados teve uma fase exploratória, no próprio ambiente no qual a pesquisadora está inserida, quando a observação permitiu uma caracterização desse espaço de trabalho e das formas como o grupo interage. Após, 49 narrativas de trabalhadores trouxeram suas visões desse processo de trabalho em transformação, gerando três grandes categorias: as relações dos sujeitos com a estrutura do trabalho portuário avulso; as relações entre os sujeitos no trabalho portuário avulso e a auto-atividade geradora de um ambiente de aprendizagem. Como resultado da análise das relações nesse coletivo de trabalho, por meio da linguagem do grupo, constatou-se a potencialização de um processo de atividade interior, vinculado à sociabilidade dos sujeitos e à descoberta de que existem junto a eles outros seres com necessidades internas iguais ou semelhantes às suas. A educação ambiental, como uma possibilidade de estar presente em todos os espaços que educam os cidadãos, pode se utilizar dessa reorganização do sujeito, chamada de auto-atividade, pois entre seus princípios, estão a ação e a interatividade. Verificou-se ainda que as relações de trabalho objetivam-se na linguagem do grupo, que mobiliza os sujeitos, através dos contrastes latentes na profissão e de suas intermediações histórico-sociais. Além disso, da linguagem do grupo, nasce um saber ambiental próprio, particularmente ordenado dos processos individuais de auto-atividade. O estudo contribuiu na elaboração de cinco aproximações entre os conceitos de auto-atividade e educação ambiental: 1ª produzem novas atitudes; 2ª somente podem ser processadas em um estado de liberdade individual, que leva à postura consciente e mobilizadora; 3ª buscam a solidariedade; 4ª são processadas pela diversidade e heterogeneidade e 5ª transitam entre o mínimo e o máximo potencial. Desse estreitamento epistemológico, é possível considerar a auto-atividade e a educação ambiental como ferramentas substanciais para articular o conhecimento na busca da transformação de condutas e valores. Assim, o ambiente “do fazer” pode abarcar um processo educativo, através do qual, os sujeitos envolvidos participam de aprendizagens referentes a questões de valores, motivacionais e principalmente de cidadania. PALAVRAS CHAVE: Educação Ambiental, Auto-atividade, Trabalho; Saber Ambiental.