Resumen:
DURANTE OS DOIS MANDATOS MOHAMMAD KHATAMI COMO PRESIDENTE DA REPÚBLICA ISLÂMICA DO IRÃ (1997-2001; 2001-2005), OBSERVOU-SE UM DEBATE INTENSO E VIOLENTO NA SOCIEDADE IRANIANA A RESPEITO DA CONCEPÇÃO DO ESPAÇO POLÍTICO E DOS FUNDAMENTOS DA AÇÃO POLÍTICA. UMA PARTE ESSENCIAL DESSE DEBATE FOI A PARTICIPAÇÃO DOS ESTUDANTES NUMA INCIPIENTE (EMBORA EFÊMERA E LIMITADA) ABERTURA DO ESPAÇO PÚBLICO. MAS ESSA POLÍTICA DE REFORMA TEVE O RESULTADO INESPERADO DE TRAZER À TONA AS VOZES DE CONTESTAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO NORMATIVA AUTORITÁRIA DO CAMPO POLÍTICO, EXPONDO AS CONTRADIÇÕES CONSTITUTIVAS DO SISTEMA E SEU FUNCIONAMENTO AMBÍGUO, E AMEAÇANDO POR UM MOMENTO A DOMINAÇÃO DA ELITE POLÍTICA RELIGIOSA-REVOLUCIONÁRIA. ESSA AMEAÇA OCORREU PORQUE OS ESTUDANTES AGIAM SEGUNDO UMA LÓGICA REPUBLICANA DE IGUALDADE JURÍDICO-POLÍTICA E EXIGIAM A INSTAURAÇÃO DESSE PADRÃO, PROMETIDO POR KHATAMI DURANTE A CAMPANHA ELEITORAL. EM OUTRAS PALAVRAS, PODEMOS PERCEBER UMA VONTADE DE REFORMULAÇÃO SIMBÓLICO-INSTITUCIONAL DA DIVISÃO PÚBLICO-PRIVADO QUE REGIA AS RELAÇÕES ENTRE O ESTADO E A SOCIEDADE DO IRÃ DESDE O ESTABELECIMENTO DA REPÚBLICA ISLÂMICA. A PARTICIPAÇÃO DE ELEMENTOS ANTERIORMENTE EXCLUÍDOS DO ESPAÇO PÚBLICO E O FORTALECIMENTO DA SOCIEDADE CIVIL FIZERAM COM QUE FOSSEM CONTESTADOS A ESTRUTURA DE PODER E O FUNCIONAMENTO ENCLAUSURADO (PRIVADO) DO SISTEMA POLÍTICO IRANIANO, BEM COMO REGRAS NÃO ESCRITAS DA VIDA POLÍTICA IRANIANA. ASSIM, EMBORA OS ESTUDANTES TENHAM SIDO REPRIMIDOS, ESSE PERÍODO DE ABERTURA RELATIVA NOS ABRE UMA PERSPECTIVA FRUTÍFERA PARA INTERPRETAR A PLURALIDADE DE CONCEPÇÕES DE GOVERNO, RELIGIÃO E SOCIEDADE PRESENTES NUM PAÍS MUÇULMANO, OPONDO-SE A ALGUMAS VISÕES DO MEIO ACADÊMICO QUE SE DESTACAM POR UMA LEITURA SUPERFICIAL E/OU UNIDIMENSIONAL DE FENÔMENOS ONDE SE ENTREMEIAM CULTURA E POLÍTICA.