Resumen:
A dissertação aborda a dimensão educativa do trabalho coletivo de alunos participantes do PCE - Programa de Cooperativismo nas Escolas - durante o ano de 1999, na região fronteira noroeste do estado do Rio Grande do Sul. Sua hipótese básica é que, com o desenvolvimento de práticas cooperativas, os alunos constroem a consciência cooperativa. O texto inicia com a construção do referencial teórico, tendo o trabalho como categoria central e explicativa para a educação. A tentativa de relacionar o cooperativismo com a educação merece uma definição dos dois conceitos e a forma como ambos se implicam. O ponto de unidade é o reconhecimento de que tanto a educação quanto o cooperativismo decorrem de uma necessidade humana e constituem práticas sociais. Nesse aspecto, o trabalho aparece como princípio educativo e cooperativo e a práxis é apresentada como o processo gerador da tomada de consciência e construção da sociabilidade. A história do trabalho coletivo na região em estudo e suas repercussões são apresentados como elementos necessários para o entendimento do cooperativismo e o surgimento do PCE em 1993. O registro histórico da trajetória do PCE como experiência educativa demonstra os caminhos percorridos por esta iniciativa, que envolveu mais de 12 mil alunos até 1999, em 11 municípios da região. A presença do PCE e a reflexão acerca de sua prática demonstram um pouco do potencial educativo que se estabelece na relação com pessoas e entidades convictas de sua importância no contexto social e político da região. No entanto, a delimitação deste estudo permite a problematização de apenas um elemento do PCE, considerado o mais importante no último período: as práticas cooperativas de alunos em escolas. A partir de uma pesquisa de campo com alunos e professores participantes das práticas cooperativas em 1999, foi possível demonstrar que o trabalho cooperativo é uma experiência educativa e que os valores construídos na forma de organização dos alunos influenciam na mudança de comportamento onde vivem e, portanto, na consciência dos que participam dessas práticas.