Abstract:
PRETENDI APROXIMAR-ME DAS EXPECTATIVAS QUE TÊM OS JOVENS DAS CAMADAS POPULARES (QUE FREQÜENTAM AS ESCOLAS DE ENSINO MÉDIO, PARTICULARMENTE O CURSO NOTURNO) COM RELAÇÃO AO MERCADO DE TRABALHO E APREENDÊ-LAS, RELACIONANDO-AS COM AS PROPOSTAS E VISÕES DA EQUIPE ESCOLAR E COM AS NOVAS PROPOSTAS QUE HOJE SÃO DISCUTIDAS PARA ESSE NÍVEL DE ENSINO. ENTENDO SEREM AS EXPECTATIVAS DOS JOVENS RELATIVAS À INSERÇÃO PROFISSIONAL E AO PAPEL DA ESCOLA, NESSE SENTIDO, PONTOS IMPORTANTES NA CONSTRUÇÃO DAS AÇÕES EDUCATIVAS A SEREM DESENVOLVIDAS PELA INSTITUIÇÃO ESCOLAR, SEJA POTENCIALIZANDO-AS, SEJA OFERECENDO ESPAÇOS PARA SEU QUESTIONAMENTO. DENTRO DA IDÉIA DE QUE CADA ESCOLA, EMBORA VINCULADA A UM CONTEXTO MAIS ABRANGENTE QUE A CONDICIONA, É UMA OBRA ÚNICA, PECULIAR (PENIN, 1999), ESCOLHI REALIZAR UM ESTUDO DE CASO QUALITATIVO EM UMA ESCOLA DA GRANDE SÃO PAULO, ONDE JÁ ATUEI COMO DOCENTE. PROCUREI, A PARTIR DAS CONTRIBUIÇÕES DE SPÓSITO (2000), NOGUEIRA (2004), BOCK (2002), CARVALHO (1984) E KUENZER (2002), REVER OS ESTUDOS SOBRE EDUCAÇÃO E JUVENTUDE E A RELAÇÃO DO JOVEM COM O ENSINO MÉDIO E COM O MERCADO DE TRABALHO. ANALISEI, A PARTIR DA LDB, AS NOVAS PROPOSTAS PARA O ENSINO MÉDIO (KUENZER, 2002) E AS NOVAS DIRETRIZES CURRICULARES IMPRIMIDAS PELOS PCN, SITUANDO AS AMBIGÜIDADES QUE HISTORICAMENTE TÊM MARCADO ESSE NÍVEL DE ENSINO. FINALMENTE, TRABALHEI COM AS CATEGORIAS QUE EMERGIRAM DOS DADOS DA ESCOLA PESQUISADA, QUAIS SEJAM: A) AS EXPECTATIVAS DOS JOVENS EM RELAÇÃO AO MERCADO DE TRABALHO, B) AS EXPECTATIVAS DOS JOVENS EM RELAÇÃO À ESCOLA, E C) A RELAÇÃO DA ESCOLA VIVIDA PELO JOVEM E O MERCADO DE TRABALHO NA VISÃO DA EQUIPE ESCOLAR. O JOVEM APONTOU QUE SUA VOZ NÃO É OUVIDA E SENTE A ESCOLA COMO UMA PRISÃO NECESSÁRIA. PARA ELE, O ENSINO MÉDIO É MEIO DE ASCENSÃO SOCIAL, SOCIABILIDADE E INSTRUMENTO PARA UM DIPLOMA QUE FACILITARÁ SUA INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO. ESTUDOS NA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO APONTARAM QUE A TRAJETÓRIA ESCOLAR NÃO É NECESSARIAMENTE DETERMINADA PELO PERTENCIMENTO A UMA CLASSE SOCIAL, QUE HÁ CERTO GRAU DE AUTONOMIA EM RELAÇÃO AO MEIO SOCIAL, INTERFERINDO NESSA TRAJETÓRIA OUTROS FATORES, COMO AS DINÂMICAS INTERNAS DAS FAMÍLIAS E AS CARACTERÍSTICAS PESSOAIS DOS SUJEITOS. O QUE ESTE ESTUDO SUGERE É UM CONSTRANGIMENTO EXTERIOR QUE LEVA À EXCLUSÃO SOCIAL E À NÃO CONTINUIDADE DOS ESTUDOS CONSTRANGIMENTOS PEDAGÓGICOS, SOCIAIS, CULTURAIS E ECONÔMICOS. NOGUEIRA (2004) OBSERVOU QUE HÁ UMA FORTE INCLINAÇÃO DOS INDIVÍDUOS DE SE ORIENTAREM NO ESPAÇO SOCIAL E ADOTAREM PRÁTICAS DE ACORDO COM SEU PERTENCIMENTO SOCIAL. E ISSO NÃO É SEMPRE PERCEBIDO NO PLANO DA CONSCIÊNCIA INDIVIDUAL. O JOVEM DA ESCOLA PESQUISADA CRÊ QUE PODE E QUER FUGIR DA HERANÇA QUE A VIDA SOCIAL LHE IMPÕE. ELE ACREDITA EM SEU QUERER. NUMA SOCIEDADE INDIVIDUALISTA COMO A NOSSA, SEU PROJETO É SEMPRE UM PROJETO SOLITÁRIO, QUE SURGE NA CONTRAMÃO DO QUE A REALIDADE SUGERE. A ESCOLA NÃO POTENCIALIZA NESSA DIREÇÃO. COMO DISSE UM JOVEM, A ESCOLA É POUCO PARA ELES, E O É EM MÚLTIPLOS SENTIDOS: 1) PORQUE OCUPA UM LUGAR SECUNDÁRIO EM SUAS PREFERÊNCIAS PESSOAIS E AFETIVAS, 2) PORQUE NÃO CONSEGUE E NÃO COLOCA COMO PRIORIDADE PREPARAR O INDIVÍDUO, SEJA PROFISSIONALMENTE, SEJA FAVORECENDO UMA VISÃO MAIS SISTEMÁTICA DO MUNDO HOJE, 3) PORQUE NÃO TEM UM PROJETO SOCIAL, POLÍTICO, DISCUTIDO QUE ORIENTE SUAS PRÁTICAS. EM GRANDES LINHAS TESES TESES, TANTO PARA OS PROFESSORES COMO PARA OS ALUNOS, CONCLUIR O ENSINO MÉDIO É O ESSENCIAL, MESMO QUE NÃO HAJA UMA AMPLIAÇÃO DO CAPITAL CULTURAL. OBSERVAMOS QUE EM NENHUMA DAS EXPLICAÇÕES DADAS ATUALMENTE PELOS PROFESSORES E/OU GESTORES DA ESCOLA SOBRE A SITUAÇÃO DO MERCADO DE TRABALHO FORAM MENCIONADOS O PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO, AS INFLUÊNCIAS DO NEOLIBERALISMO E A REESTRUTURAÇÃO DO PROCESSO PRODUTIVO, IMPOSSIBILITANDO, ASSIM, UM TRABALHO DE AMPLIAÇÃO DAS CONCEPÇÕES DOS ALUNOS. A ESCOLA E O MERCADO DE TRABALHO SÃO BASTANTE ESTEREOTIPADOS, CIRCUNSCREVENDO-SE NO PLANO DO SENSO COMUM.