Resumo:
Este trabalho teve como objetivo identificar a contribuição do Senai, como instituição educativa, na constituição da identidade de seus ex-alunos, particularmente daqueles que exercem ou exerceram a função de instrutores dessa escola. Com uma contextualização histórica da instituição, pudemos ter um panorama sobre o que foi pensado e planejado para essa escola desde quando foi criada e de como isso se deu na experiência dos entrevistados. O vínculo estreito entre a formação oferecida pelo Senai e o mercado de trabalho, mais precisamente a indústria, oferece a direção dessa formação proposta. A modalidade de pesquisa utilizada foi a qualitativa, que pode ser a mais adequada à natureza deste estudo. Os procedimentos de coleta de dados contaram com os seguintes instrumentos: a análise documental teve por objetivo identificar as diretrizes propostas pelo Senai. O material analisado foram relatórios anuais publicados pela instituição, que forneceram informações sobre seus pressupostos norteadores, como concebe os alunos, as famílias e o que pretendem oferecer como formação ao alunado. Foram realizadas nove entrevistas não estruturadas com ex-alunos do Senai (instrutores ou ex-instrutores da instituição), que deram informações importantes de como a instituição marcou suas vidas, utilizando-se da narrativa de história de vida. Os dados obtidos nas narrativas de história de vida foram organizados, analisados e interpretados em categorias temáticas, estabelecidas a posteriori, apresentadas resumidamente em dois quadros comparativos. Na análise dos dados, emergiu uma contradição muito presente nessa dinâmica do Senai. Se, por um lado, a instituição foi pensada para abastecer o mercado industrial de produção, conforme constatamos em nossa pesquisa, não há dúvida de que é também uma oportunidade de escolarização, que garante emprego, o que, por sua vez, possibilita a superação das condições de origem. O vínculo afetivo intenso que se estabeleceu entre os sujeitos da pesquisa (instrutores do Senai) e os alunos foi fundamental para orientá-los quanto à sua importância, sua dignidade, a esperança que os docentes têm no sentido de verem seus alunos bem colocados, gerando um contexto propício para o desenvolvimento de identidades autônomas, contrariando, assim, a própria proposta do Senai como instituição. A disciplina rígida, o rigor na aceitação de seus alunos aponta para a constituição de identidades subservientes. No entanto, a intensidade do vínculo afetivo contribui para promover uma outra possibilidade, que é a da autonomia. Essa força afetiva pode ser constatada em quase a totalidade das entrevistas realizadas nesta pesquisa.