Abstract:
Esta pesquisa está relacionada às influências do ensino de História na construção do pertencimento étnico-racial e nas relações entre negros e brancos. Teve como participantes quatro ex-alunos afrodescendentes de um projeto de ação afirmativa, realizado na cidade de São Carlos-SP, que visava preparar estudantes para o exame vestibular. Esta pesquisa foi realizada, orientando-se pela seguinte questão de pesquisa: o ensino de História contribui para afirmação/negação ao pertencimento racial de estudantes negros e carentes em cursinho pré-vestibular? O estudo parte de observações feitas pelo pesquisador, responsável pelas disciplinas de História e Geografia nesse projeto, e teve por objetivos verificar se o ensino de História interfere na autoestima e identidade de alunos afrodescendentes, levando-os à não aceitação de seu pertencimento étnico-racial, o que é reproduzido na sociedade. Realizaram-se conversas sistemáticas com duas ex-alunas e dois ex-alunos, estudantes do projeto de ação afirmativa, que se desenvolveu no período entre 2002 e 2003, com recursos da Fundação Ford, vinculado ao Departamento de Física da USP, campus São Carlos - São Paulo, com o objetivo de facilitar o acesso e permanência de alunos negros e carentes na universidade pública, e de rebater situações de preconceitos, discriminações e racismo fortalecidos por ideologias que se fazem presentes ao longo do fazer histórico brasileiro. Constatou-se que, com a integração dos jovens ao projeto em pauta, houve favorecimento para que estes assumissem o pertencimento étnico-racial com o qual se identificavam, sentindo-se fortificados quando se identificaram como negros. Passaram a rebater atitudes racistas e discriminatórias sofridas no cotidiano, tiveram ainda o favorecimento da autoestima e identidade, a partir do momento em que se reconheceram como fazedores de culturas e agentes ativos no fazer da História, da História brasileira.