Abstract:
Esta pesquisa tem como principal objetivo identificar e comparar as representações históricas dos movimentos político-culturais dos anos 60 com as representações utilizadas pelos alunos do ensino médio para entender esses movimentos. O presente trabalho pretende mostrar quais as informações e representações sobre os movimentos jovens da década de 60 presentes no conhecimento histórico dos estudantes secundaristas atualmente. Para atingir os objetivos desta pesquisa, foram entrevistados alunos do ensino médio participantes do movimento estudantil secundarista de São Paulo, que fazem parte da UMES (União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo), entidade composta por dois milhões e meio de estudantes de ensino fundamental e médio, técnico, cursos supletivos, pré-vestibulares e cursos livres da capital paulista. Também foi elaborado um pequeno histórico do movimento estudantil brasileiro desde os anos 60, tendo também como objetivo contextualizar o ressurgimento da UMES paulistana como campo político, levando em consideração as origens do seu habitus, tomando como base o conceito de Pierre Bourdieu, e sua representatividade, evidenciando também a construção da imagem dos estudantes nas últimas décadas, que, vistos tradicionalmente como politicamente engajados e revolucionários durante os anos 60 e início da década de 70, como um dos poucos focos de resistência pacífica ou armada ao regime militar e, por isso, duramente silenciados. Através de métodos de pesquisa de inspiração etnográfica e provas projetivas (fotos e músicas), estabeleceu-se uma mostra qualitativa de oito entrevistas entre esses estudantes, onde a pesquisa procura identificar e analisar algumas representações utilizadas pelos alunos para entender os anos 60 em confronto com as representações fundamentadas na produção acadêmica e jornalística sobre o período. A maior parte das representações dos jovens secundaristas entrevistados, durante esta pesquisa, demonstrou também a necessidade da consciência histórica (conhecimento histórico) para tratarem de valores morais e de argumentação moral (razão) e de como essa consciência vem sendo adquirida por eles. Portanto, a consciência histórica é um pré-requisito necessário, pois se trata de uma mediação entre os valores morais (orientadores de comportamento) e a ação dos estudantes. Os elementos definitivos e provisórios destacados nas representações dos jovens secundaristas entrevistados comprovam a importância dos valores e da argumentação moral na formação da consciência histórica (conhecimento histórico) dos estudantes, que servirão como orientadores de comportamento para a ação desses jovens na sociedade atual. Os diferentes significados dos elementos definitivos e provisórios do conhecimento histórico destes alunos podem ser compreendidos e trabalhados pelo professor em sala de aula. Estes significados salientam a contingência do conhecimento histórico e, consequentemente, a necessidade de sua desconstrução, através de uma visão objetiva, que reconheça a possibilidade de diversas reconstruções válidas do passado com recursos e critérios históricos específicos, e em que os indícios fornecidos pelas fontes (fotos e músicas) devem ser encarados como uma ponte entre a realidade atual e o passado histórico da década de 60 no Brasil.