Resumen:
Este trabalho trata da construção sociopolítica e pedagógica do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, utilizando para tanto de pesquisa teórica e empírica. Relativamente às fontes primárias, foram realizados levantamentos em documentos e cartilhas do próprio MST e em livros escritos pelas principais lideranças do Movimento; como fontes secundárias, foram levantadas teses, artigos e livros que discutem a educação, o MST e a questão social e agrária, apresentando as lutas pela terra e pela educação presentes nas organizações dos trabalhos rurais, contextualizando estas organizações na problemática da educação. Debate, especificamente, as ações do MST, discutindo tantos os antecedentes das ações do Movimento como as mudanças sociopolíticas dos Sem Terra desde os anos 90, bem como a viabilidade econômica, a mística e o caráter do Movimento. Indica o incremento do cooperativismo, que será analisado como uma possível alternativa econômica para os trabalhadores do campo, como uma das formas de resistência e de viabilidade, tanto do projeto político do MST como da viabilidade social e econômica dos camponeses. Esta discussão é fundamental neste trabalho, pois expressa uma das proposições básicas do projeto de formação-técnico profissional do Movimento. Neste sentido, são analisados os princípios e as práticas pedagógicas do MST de forma abrangente, buscando a gênese da proposta relativa ao trabalho e à educação na proposição educativa do Movimento e a importância do trabalho como princípio educativo, resgatando as discussões presentes nos pressupostos básicos do pensamento socialista. Apresenta a influência teórica deste pensamento e como ele se manifesta no projeto do MST, demonstrando que estas discussões estão presentes na elaboração teórica da educação do MST, mas que se mesclam com o cotidiano das vivências e lutas dos assentados, criando propostas e uma práticas próprias, "em movimento". Buscando contextualizar o projeto educativo do Movimento nos debates sociais e políticos mais amplos, esta tese apresenta os resultados de pesquisa de campo realizada junto aos alunos da escola Josué de Castro, supletiva de formação técnica em nível médio, localizada em Veranópolis - Rio Grande do Sul - e mantida com recursos econômicos dos cooperados em assentamentos geridos pelo MST. Nesta investigação, conciliaram-se os recursos da pesquisa quantitativa e da qualitativa, pois foram aplicados questionários aos alunos e a direção da escola da entrevistada. Conclui-se que o MST expande sua atuação para além da simples reivindicação pela terra, expandindo o seu projeto político para diversas áreas. Nesta ampliação, a educação e a formação profissional tornam-se fundamentais para as lutas sóciopolíticas do MST, pois, além da importância de formação política crítica, forma gestores para as suas cooperativas.