Resumo:
O uso moderado, ou o consumo exagerado de bebidas alcoólicas está disseminado na sociedade e faz parte da cultura, o que torna quase impossível impedir as suas conseqüências. Apontando a necessidade dos serviços de saúde adotarem uma abordagem educativa eficiente que venha subsidiar não só o alcoólico mas também a sua família, na prevenção da dependência e da codependência do álcool. Por outro lado não observamos no sistema de saúde espaços e abordagens para o enfrentamento e a superação dessa problemática, especialmente na Atenção Básica à Saúde. Justificando a realização dessa pesquisa-ação na Unidade de Saúde da Família-USF Alto do Céu I, 4º Distrito Sanitário de João Pessoa, durante o período de nov./2003 a jan./2006. Objetivando analisar as contribuições da Educação Popular em Saúde aplicada na abordagem intergeracional do alcoolismo. Iniciamos com uma investigação diagnóstica do alcoolismo nas famílias; um estudo preparatório com a equipe de saúde; em seguida estruturamos um grupo de Educação Popular em Saúde com pessoas idosas e seus familiares afetados pelo alcoolismo. De acordo com experiências anteriores envolvemos os movimentos populares de autoajuda, AA e Al-Anon/Alateen, como a participação da comunidade no processo educativo. Os conceitos de diálogo e de conscientização nortearam os trabalhos com os grupos, as visitas domiciliares e as rodas de conversa, onde utilizamos as técnicas da observação participante, a troca de experiências, a escuta sensível e o relato de vida, conforme as perguntas norteadoras, gravadas, mediante o consentimento prévio dos participantes, transcritos e aprovados pelos mesmos; cujo material empírico junto com os conteúdos teóricos científicos, subsidiaram os temas geradores do processo educativo. Resultados: no decorrer do estudo entrevistamos 614 pessoas, dentre as quais 34,6% costumavam beber todos os finais de semana e identificamos através do CAGE nessa amostra, que 90 entrevistados apresentaram resultado positivo sugerindo um percentual de14.7% de dependentes de álcool. Os dados qualitativos apontaram os fatores socioeconômicos e culturais que envolvem o alcoolismo e as suas conseqüências intergeracionais que prejudicam o curso de vida das famílias estudadas. Através das reflexões, análises e avaliações junto com os integrantes, concluímos que a Educação Popular em Saúde articulada com os movimentos de autoajuda mostrou-se uma abordagem eficiente e eficaz para o enfrentamento da problemática, contribuindo para a elevação da qualidade de vida das famílias estudadas, para que alguns alcoólicos parassem de beber, para melhorar a convivência familiar, a capacidade do autocuidado com a saúde, com a paz, colaborando também para a educação profissional da Equipe de Saúde da Família, possibilitando na USF a criação de um espaço educativo e de uma abordagem segura para a dependência e a codependência do álcool.