Resumo:
Este trabalho tem como objetivo reconstruir parte dos discurso sindical emitido pelas Centrais Sindicais (Confederação Geral dos Trabalhadores - CGT, Central Única dos Trabalhadores - CUT e Força Sindical) ao longo dos anos 90 e início dos anos 2000 com o propósito de verificar suas convergências com o discurso do Estado e as confluências de tais discursos com a lógica do capital no contexto da reestruturação produtiva e das políticas neoliberias, um cenário onde o capital busca reestabelecer sua hegemonia imprimindo novas formas de racionalização e de controle sobre a força-de-trabalho e um novo arranjo societal centrado numa regulação pelo mercado. As inovações decorrentes de tal processo promovem o isolamento político da classe trabalhadora e inserem novos desafios ao movimento sindical, como o de superar sua crise e ao mesmo tempo responder a novas demandas impostas aos trabalhadores, muitas delas remetidas para a nova institucionalidade da política de emprego em torno da negociação da educação e da formação profissional no âmbito do Plano Nacional de Qualificação Profissional - Planfor. Mas tanto o conteúdo deste plano como também o modelo de gestão pública de forte poder regulatório (um modelo paritário e tripartite que inclui trabalhadores, empresários e governo) presente nas suas diretrizes participam de um projeto mais amplo que visa à inserção do país na lógica do capitalismo globalizado, do qual o movimento sindical, a exemplo de outros momentos do processo de acumulação do capital no Brasil, vem sendo chamado a participar.