Resumo:
Aborda as mudanças ocorridas nas políticas públicas brasileiras destinadas à educação de jovens e adultos trabalhadores, sustentadas e justificadas pelas transformações nas relações sociais capitalistas neste fim de século. Essas mudanças rompem com a estrutura tradicional da EJA, apontando para nova concepção e/ou para a construção de nova identidade dessa modalidade educacional, vinculando-a mais imediatamente às necessidades mercadológicas. Discute, em primeiro lugar, o cenário no qual se desenrola este processo, mapeando a passagem da ideologia desenvolvimentista para a ideologia competitivista, que engendra nova sociabilidade. Neste ponto, aborda, por um lado, a crise capitalista mundial que põe fim à "era de ouro" do capital, procurando revelar os contornos da sua nova configuração. Em segundo lugar, revê e analisa alguns dos marcos históricos e teóricos da EJA no Brasil: as campanhas para pôr fim ao analfabetismo; a educação de adultos e os projetos de valorização da cultura popular; os movimentos governamentais, como o MOBRAL; as experiências dos anos 1980/1990, salientando a identidade que está se projetando para a EJA no século que se inicia, explicitando a relação, cada vez mais próxima, entre os campos de trabalho e educação. Terceiro, considerando o Planfor como política pública que melhor expressa a nova perspectiva governamental para educação dos trabalhadores adultos na atualidade, faz, inicialmente, uma discussão sobre a divisão de tarefas entre MTE e o MEC. A partir daí, mapeia a origem empresarial do Planfor, seus objetivos, sua estrutura organizativa, sua inserção como política pública de combate ao desemprego e os resultados divulgados. Finalmente, analisa sua vertente mercadológica, na qual alimenta a idéia de uma educação voltada fundamentalmente para os interesses do mercado, concepção que, na verdade, reitera, sob novas bases (fascismo social) e novos conceitos ideológicos.