dc.description.abstract |
Esta tese analisa os limites intrínsecos do processo de construção de conhecimentos por meio da ação educativa entre orientadores (educadores) e trabalhadores cooperados (educandos) na prática de incubação dos empreendimentos econômicos solidários. Trata-se de uma pesquisa empírica realizada com educadores de uma Incubadora Universitária de empreendimentos econômicos solidários e trabalhadores de duas cooperativas autogeridas. A maior parte do material analisado foi coletado por meio de pesquisa de campo nas cooperativas e na incubadora. No estudo, concebemos o conhecimento adquirido no processo prático de incubação de empreendimentos econômicos solidários dos trabalhadores como práxis que implica um conjunto complexo de atividades de caráter técnico e social, interagindo com conhecimento teórico e conceitual, orientados por objetivos. Trata-se por isso, de um processo pedagógico educativo que deve ser criativo, de ação coletiva e modificador da realidade. Adotamos a concepção de que os conhecimentos são produzidos neste mundo pelos próprios seres humanos e que a relação de conhecimento é uma relação entre sujeito e objeto e também que a relação com o mundo não é individual e imutável, mas coletiva e social. Como referência teórica nos apoiamos nos escritos de Freire, Cortella, Vázquez entre outros. As respostas às questões construídas ao longo do estudo evidenciam pontos positivos que representam avanços na direção da ação educativa e outros ainda de tensão e conflitos que indicam caminhos para a releitura do processo educativo, tanto para os educandos como para os educadores. Ficou evidente a importância e a necessidade da Universidade atuar por meio de incubadoras interagindo com a comunidade, levando o conhecimento de que dispõe para os trabalhadores cooperados que dificilmente teriam acesso de outra forma, bem como os efeitos positivos que advém dessa ação no meio acadêmico e para os trabalhadores. Ficou indicado também que no processo de incubação dos empreendimentos econômicos solidários dos trabalhadores há uma complexidade que demanda esforços significativos por parte dos educadores e educandos para atingir os objetivos propostos no processo de incubação, que passa necessariamente, por uma relação interativa e dialógica. Entretanto, é um processo educativo que modifica as circunstâncias, os homens e as mulheres na sua maneira de ser e agir. Há dificuldades de ambas partes, muitas barreiras que são rompidas e outras ainda não, mas é inegável a construção e reconstrução de conhecimentos para os atores envolvidos em vários aspectos. Os educadores despertam para outra forma de ver o mundo, estimula a autocrítica como educador e pessoa, enriquece e modifica a forma de ensinar e a prática da interdisciplinariedade. Estimula a associação entre ensino, pesquisa e extensão na universidade. Os educandos também mudam a forma de pensar e agir. Sentem-se mais seguros, respeitados e empoderados para interagir na sociedade. Passam a dispor de cidadania, autonomia para exercer a autogestão e melhor qualidade de vida. |
en |