Resumo:
O presente estudo investiga a Educação Não-Formal na prática cotidiana de agentes comunitários. Com o olhar voltado às suas vivências mais significativas, essa pesquisa está guiada pelo paradigma fenomenológico, cuja essência é qualitativa e dialético-existencial. Com o objetivo central de compreender a Educação Não-Formal em suas múltiplas facetas, partimos, através de entrevistas abertas e dialógicas, para a coleta de informações referenciais acerca dos diversos significados e formas da ação-comunitária. Para tanto, contamos com depoimentos de seis agentes comunitários, de diferentes regiões de Porto Alegre, que foram indicados por suas respectivas comunidades como mediadores de um projeto social e por desenvolverem atividades de animação sociocultural. Ao conhecer as práticas norteadoras das ações dos agentes na comunidade pudemos apontar seus objetivos, procedimentos, instrumentos, técnicas e significados através de um referencial paradigmático da ação sociocomunitária. As falas dos agentes comunitários estão a demarcar e salientar o texto e foram compreendidas a partir da metodologia fenomenológica apresentada por Giorgi (1985/1997), em cinco passos de aplicação, acrescidos de um sexto, proposto por Comiotto (1992): 1º) Coleta das informações através de entrevistas abertas, gravadas em áudio. 2º) Audição e transcrição fidedigna das fitas. 3º) Discriminação das unidades de significado pela redução fenomenológica. 4º) Retomada das unidades de significado, transformando-as em linguagem do pesquisador. 5º) Síntese das unidades de significado reunidas num texto harmônico. 6º) Localização das dimensões fenomenológicas. A análise das informações, feita a partir da compreensão-interpretativa do fenômeno revelado, é sustentada por interlocuções teóricas com autores da contemporanidade. Através da confluência mútua entre o fenômeno revelado, a análise compreensiva interpretativa e a fundamentação teórica emergiram quatro essências fenomenológicas: 1) O Tecido Comunitário e as Texturas Contextuais; 2) Os Fios da Intersubjetividade e suas Tramas; 3) A Costura: a pluralidade da Educação Não-Formal e seus pontos principais; 4) Estampas: Cores, Sentimentos e Vivências. Essas essências, acompanhadas das dimensões fenomenológicas, revelaram a comunidade como um espaço propício para o desenvolvimento e efetivação da Educação Não-Formal. Os agentes comunitários não trabalham com o ensino, mas com a educação de forma abrangente, com o saber democratizado. As práticas educativas informais aparecem como aspectos complementares à educação formal, como possibilidades de superar lacunas deixadas pelo sistema atual de ensino. Sem uma Pedagogia adaptada às suas necessidades específicas, a comunidade vai superando limites, criando e recriando recursos e, através da intervenção sociocomunitária está direcionada ao desenvolvimento das potencialidades dos integrantes do entorno, numa perspectiva cidadã e solidária da autogestão.