Juventude escolarização e poder local: relatório da primeira fase da pesquisa ações públicas para a juventude e políticas públicas municipais de escolarização de jovens e adultos no ABC: entre gerações, ciclos e trajetórias

Abstract

Este texto tem por objetivo apresentar as análises realizadas sobre os dados coligidos na primeira fase do trabalho de campo desenvolvido junto às administrações municipais das cidades da Região do ABC, no âmbito do projeto de pesquisa Juventude, escolarização e poder local. Apresentamos uma breve caracterização do ABC, enfatizando aspectos, tais como: os elementos que contribuíram para a construção da unidade e identidade desta territorialidade como Região; alguns indicadores sócio-demográficos, econômicos e de exclusão social que permitem compreender o ABC como uma unidade tecida pela diversidade sócio-econômico de suas localidades e por fim realizou-se uma rápida caracterização da dinâmica sócio-política das localidades e da Região. A segunda parte deste texto foi integralmente dedicada à descrição e análise das políticas públicas de escolarização de jovens e adultos implementadas pelos governos municipais do ABC, no período compreendido entre 1987-2003. Nesse período, constata-se a existência de duas “gerações de políticas” de educação de jovens e adultos: a primeira marcada pelo claro recorte das políticas de um estado provedor e a segunda, percorrida pela idéia da participação e da escassez de recursos. Completa este texto, a terceira seção que aborda descritiva e analiticamente os dados levantados sobre as “ações públicas para a juventude” implementadas pelos governos locais da Região, no período que vai de 1970 a 2003. Nela, constata-se a presença de ações públicas para os segmentos juvenis das distintas localidades do ABC, marcadas por trajetórias e ritmos que contém práticas discursivas ao mesmo tempo reiterativas e inovadoras sobre a juventude, os jovens e os modos de definir e operacionalizar as ações para os sujeitos desta fase da vida nas diferentes cidades. Assim, verifica-se que na Região não há uma concepção unívoca sobre esta fase da vida; constata-se a existência e convivência de pelo menos duas formas distintas de representá-la e a partir delas derivar os projetos e programas que visam atender aos seus direitos. O campo das ações públicas para a juventude, assim em construção no ABC, produz descompassos, dualidades, polarizações e conflitos entre o Estado-local e os jovens. Por fim, e com base nos dados trabalhados, afirma-se que, na grande maioria das administrações locais do ABC, vem se tecendo, com maior ou menor ênfase, uma rede institucional de atenção e de promoção de ações para os jovens. Portanto, a possibilidade de haver políticas públicas para as juventudes, em pelo menos cinco das sete municipalidades da Região, mesmo considerando o inquestionável caráter emergente de muitas das ações verificadas, constitui-se muito mais que uma promessa alvissareira.