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O Edurural-NE e a poposta pedagógica adaptada ao meio rural é um estudo no qual este é analisado como um dos programas educacionais dos primeiros anos da década de 80, enquanto uma das estratégias de execução da política educacional para o meio rural do Nordeste brasileiro. Sob uma perspectiva de apreensão do objeto de estudo, como parte da totalidade histórica e em suas relações e implicações concretas naquele momento do desenvolvimento da sociedade brasileira, evidenciou-se que a concepção e configuração do EDURURAL representaram a confluência de interesses econômicos, políticos e ideológicos, externos e internos, relacionados com a acumulação e a expansão do capital, explicitados na necessidade de acelerar o processo de modernização da agricultura nordestina, rumo à consolidação da instauração da "nova" ordem econômica mundial, que vinha sendo gestada desde os anos 40. Esses interesses, enfatizados sob a forma de diretrizes e metas a serem alcançadas na vigência do III Plano Nacional de Desenvolvimento (III PND) e III Plano Setorial de Educação, Cultura e Desporto (III PSECD) para o qüinqüênio 1980-85, foram difundidos como ideário da democratização da sociedade, ensejando a abertura do Estado autoritário para a participação de segmentos organizados da sociedade civil, na construção de uma proposta pedagógica adaptada ao meio rural, tendo em vista solucionar os graves problemas que historicamente vinham sendo diagnosticados na educação das populações residentes no meio rural da região Nordeste, e, por extensão, promover a melhoria das condições de vida dos trabalhadores e suas famílias, residentes naquele meio. A participação se constituiu na categoria central da análise, articulando-se a ela três outras categorias como a adaptação ao meio rural, a contribuição da proposta e a continuidade das ações, dela decorrentes, em torno das quais se processou o estudo. As conclusões obtidas reforçaram a tese que a elaboração de uma proposta pedagógica adaptada, além de discriminatória, não se mostrou suficiente para melhorar os problemas internos da própria educação ministrada no meio rural, e, muito menos, com a implementação de um programa educacional não poderia ocorrer a melhoria nas condições de vida da população, conforme previam as diretrizes políticas do qüinqüênio, por esses problemas se configurarem situações, cujas determinações emanam da infra-estrutura da sociedade na qual se inserem, extrapolando, portanto, as finalidades e a função sociopolítica da educação básica formal. Contudo, verificou-se que, no âmbito das responsabilidades pedagógicas inerentes à educação básica formal, os benefícios resultantes da implementação do programa, mesmo limitados, ficaram circunscritos à melhoria da rede física escolar, suprimento regular da merenda escolar, livros didáticos, materiais de ensino e de expediente, treinamentos de professores, supervisores e coordenadores municipais de educação e, também, a complementação salarial oferecida. |
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