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Este estudo analisa o nascimento e a experiência de resistência dos grupos de pequenos agricultores da região Noroeste Colonial e Médio Alto Uruguai, Rio Grande do Sul, organizados e articulados pelo Movimento dos Pequenos agricultores (MPA). O estudo procura compreender, a partir de referenciais teórico-históricos, as raízes da formação dos camponeses no Brasil, desde a conquista colonizatória. Esta busca de compreensão caminhou através de diversos momentos históricos, mostrando que, em todos os tempos, os camponeses tiveram grande capacidade revolucionária de luta e resistência diante da penetração do capitalismo no campo. Mas, mais do que resgatar as manifestações que foram se sucedendo, o estudo procura indicar que a evolução da classe camponesa, de uma crise a outra, foi delineando novas realidades e novas perspectivas. A capacidade de resistência e organização camponesa foi traçando novos rumos e passou a ser componente das novas situações e exigências à reprodução da cultura camponesa, refletindo-se em seu modo de agir, de organizar-se e de representar a sua classe. O nascimento e o desenvolvimento do MPA, a partir de 1996, se transfomará em resposta histórica dos camponeses ao capital, uma tarefa política de construir protagonismo e aoutonomia camponesa. O diálogo articulado entre elementos teóricos e empíricos possibilitou a compreensão do MPA como movimento social que deita suas raízes nas resistências e lutas históricas camponesas, colocando-se como mais uma ferramenta qualificada na construção, no presente e no futuro, da agricultura camponesa. As experiências construídas cotidianamente estão a marcar novas fases, conquistar novos espaços de socialização, política e de educação popular, revelando o caráter histórico e reconstrutivo da sociedade, a tensão entre o mundo da vida e os sistemas que oprimem a vida. Através deste novo ator social, já se percebe mudanças, forjada pelas bases organizadas em seus grupos, comunidades e demais instâncias de organização. A articulação, organização e luta coletiva do Movimento tem contribuído no processo de ruptura da alienação cotidiana, na construção da consciência e da identidade camponesa, acerca dos problemas, do trabalho, da organização, da cultura, na emergência de novos sujeitos sociais e de novas práticas sociais. Estas mudanças estão se ampliando e imprimindo uma nova dinâmica de luta e resistência no meio dos pequenos agricultores. Este novo saber social alavanca a construção de novos valores: a solidariedade, a cooperação, a organização e a produção, a partir do projeto da agricultura camponesa. As lutas estão a sinalizar novas formas de produção (orgânica e agro-ecológica), novas formas de organização (associativismo, cooperativismo), novas formas na geração de renda (agro-industrialização), novas formas de comercialização (diretamente ao mercado consumidor). O MPA, movimento social autônomo, de massa, constituído e dirigido pelos pequenos agricultores, diante das tarefas políticas e históricas, transforma-se em ponto de partida para novas reflexões sobre o presente e o futuro dos camponeses. |
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