Abstract:
Esta pesquisa tem como foco de investigação a ação educativa realizada em sindicatos de trabalhadores, um de Curitiba e outro de Ponta Grossa, diante das novas demandas de qualificação e requalificação profissional, decorrentes da reestruturação capitalista. Analisou-se de que forma os sindicatos de trabalhadores estão respondendo à demanda por trabalhadores multifuncionais, obrigados a executar múltiplas tarefas como forma de garantir uma produtividade que gere uma taxa de lucro capaz de remunerar o capital, na atual fase de desenvolvimento do modo de produção capitalista denominada acumulação flexível. Apresentou-se o resultado de entrevistas com os responsáveis pelas políticas de educação e qualificação dos sindicatos, com os monitores dos cursos e com os trabalhadores que freqüentaram os cursos. Os trabalhadores, na sua grande maioria, buscam os cursos como forma de ter acesso a escolarização de 1º grau, relegando a questão da qualificação a segundo plano. Além disso, os resultados mostraram que as políticas de qualificação implementadas pelos sindicatos pesquisados reproduzem a qualificação taylorista/fordista no que há de mais frágil. As novas demandas exigem trabalhadores que tenham habilidades cognitivas, o que exige escolarização básica. Os sindicatos implementam cursos de qualificação/requalificação, na lógica da reprodução capitalista, incorporando o discurso da burguesia de que os trabalhadores estão desempregados porque não estão qualificados. Com seus cursos de qualificação, os sindicatos assumem uma tarefa que é do capital, criando uma ilusão e falsa expectativa para os trabalhadores de que, fazendo os cursos, conseguirão empregos. Países desenvolvidos, embora tenham conseguido alcançar a universalização do ensino equivalente ao segundo grau no Brasil, e mesmo aqueles que contam com 60% de sua população atendida pelo ensino de terceiro grau, não encontraram uma fórmula capaz de evitar as elevadas taxas de desemprego que penalizam seus trabalhadores. Demonstra-se, assim, que estar ou não desempregado independe da escolarização. Esses dados confirmam que, sob o capital, não há solução para o desemprego; indicam que os sindicatos devem retomar seu papel histórico de organizar os trabalhadores, como forma de exigir do capital sempre e continuamente maiores salários e empregos para todos, e assim desnudar os fundamentos desse modelo de sociedade que, pela sua lógica excludente, impede aos trabalhadores o acesso aos benefícios e resultados de seu trabalho.