Educação para o trabalho sob a Égide do estado: uma leitura do Programa Liceus do Ofício do Município de Curitiba - PR

Abstract

A educação profissional não tem sido tradicionalmente colocada na pauta da política educacional brasileira. Caracterizada como subsistema da educação, configura-se como um instrumento de formação do trabalhador, cujas raízes estão assentadas na discriminação e exclusão, servindo aos interesses da hegemonia dominante e atendendo à função de reprodução das relações sociais capitalistas. A educação profissional básica, ramo da educação profissional, de caráter não formal, sem regulamentação curricular, orientações e estratégias de formação docente e referencial teórico relativo à prática pedagógica, é o objeto da presente investigação. Escassos estudos sobre o tema, motivaram a busca na realidade objetiva do movimento dialético e contraditório da educação profissional básica. Assim, é a proposta de ensino profissionalizante desenvolvida pelo órgão gestor da assistência social do município de curitiba, que se estabelece a discussão e análise para a compreensão e ressignificação teórica. Algumas questões estiveram presentes na direção deste estudo: a educação profissional básica é uma política pública de qual tipo está a serviço de quem possui efetividade embasados na metodologia qualitativa, fez-se uso combinado de diferentes procedimentos e fontes: bibliográfica, documental e pesquisa de campo, pondo em evidência a dialogia do processo de pesquisa para enriquecimento na compreensão da realidade e reconstrução teórica. A relação estabelecida entre a prática objetiva e sua teorização, demonstra que a educação profissional básica, institui-se como um projeto isolado e empírico da política pública de trabalho e renda, voltado ao desenvolvimento de competências e mantido nos limites da empregabilidade, a serviço da demanda capitalista. Para que o fenômeno educativo supere a mera formação de mão-de-obra, em um espaço pedagógico e político que permita o confronto da educação e trabalho com sua própria dialética, defende-se sua inserção como política educacional e propõe-se uma nova pedagogia, voltada ao desenvolvimento da consciência ético-política do trabalhador e a sua formação omnilateral.