Abstract:
Este estudo aborda o papel da arte como instrumento social, vinculada ao trabalho e
à necessidade de dar voz a quem sofre qualquer tipo de opressão. A presente
pesquisa, cujos antecedentes situam-se no campo da educação ambiental, insere-se no campo da educação de inspiração popular, uma abordagem sobre a Pedagogia do Oprimido (Paulo Freire) e do Teatro do Oprimido (Augusto Boal), e promove a reflexão sobre a dialética opressor-oprimido nos dias atuais. Traz como proposta de trabalho os desafios da educação estética do cotidiano, no campo do ensino das artes, em resposta à expropriação da capacidade de metaforizar a vida. Para tanto, busca compreender em Vygotsky o conceito de imaginação como base da produção simbólica, condição para a criação de metáforas, desautorizada pela escola.
Voltando-se para os sujeitos do campo, especialmente, incorpora dois eixos
temáticos de análise: a arte como ferramenta metodológica (forma) e a transição
agroecológica (conteúdo). Entre os três grupos-sujeitos escolhidos, destaca os
agricultores-pescadores da Ilha dos Marinheiros (Rio Grande, RS) e sua inserção
num determinado modelo de desenvolvimento rural, frente à transição agroecológica
para a agricultura familiar. A agroecologia, uma ciência em construção, aparece como área de conhecimento central para o trabalho, despontando como alternativa ao modelo dominante de desenvolvimento, eminentemente agroexportador. São confrontados dois conceitos do ponto de vista da agricultura em transição agroecológica: o desenvolvimento sustentável e a emancipação humana.
Finalmente, apresenta a linguagem popular do Teatro-Fórum, enquanto ferramenta metodológica capaz de mediar as narrativas dos sujeitos de pesquisa para a recriação da própria realidade. O esforço teórico sobre uma das reflexões centrais deste trabalho, a emancipação humana, apresenta-se de forma articulada com o seu corpus empírico, que expõe e procura compreender as narrativas dos grupossujeitos, especialmente nas performances de teatro. São apresentadas quatro performances de Teatro-Fórum e uma de Teatro-lmagem, acompanhadas de sua análise categorial.