A participação da escola na produção da identidade sexual do adolescente

Abstract

A pesquisa investiga como a discussão da sexualidade na escola influencia a conduta e a produção da identidade sexual de alunos de 13 a 17 anos, a partir da percepção destes. A intenção foi compreender de que modo a escola, como instância de formação educativa e de produção de identidades, participa da forma pela qual os adolescentes vivenciam sua sexualidade. Tomou-se como embasamento teórico autores como Foucault (1977), Deleuze (1992), Giddens (2002), Lopes Louro (2000), entre outros. Foram aplicados 84 questionários mistos com 11 perguntas a alunos de 7ª série de uma escola pública de São Gonçalo e de uma escola particular de Niterói. Foi feito um levantamento de percentagens e, nas justificativas das perguntas abertas, foi realizada uma análise categorial temática formando-se as seguintes categorias: "Valorização das informações", "Limitações da escola" e "Diversidade de concepções". A primeira reflete a importância atribuída às informações recebidas, em particular as associadas à prevenção das doenças sexualmente transmissíveis e à gravidez. A segunda se refere às limitações para a transmissão de informações sobre a sexualidade na escola. A categoria "Diversidade de concepções" indica como os alunos percebem as transformações ocorridas em relação à educação sexual, em comparação com a geração de seus avós e pais. Os resultados indicaram que a escola não é considerada como um lugar privilegiado na produção da identidade sexual dos adolescentes, uma vez que os meios de comunicação e a família são igualmente importantes. A naturalidade com a qual a temática da sexualidade é abordada pelos adolescentes parece refletir transformações na cultura, representadas pela passagem de um modelo disciplinar rígido para a ausência de modelos rígidos, e pela importância de se preservar dos riscos associados às práticas sexuais. A importância destes cuidados fez com que esta temática entrasse nas escolas, como parte das políticas que envolvem a prevenção e a saúde sexual para os adolescentes, tornando-os responsáveis pelos seus atos e por sua sexualidade.